domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tremores a vista

Na madrugada de ontem, dia 27 de fevereiro, um terremoto de 8,8 graus de magnitude na escala Richter atingiu o Chile. Um tremor de terra desse nível é considerado muito forte e pode causar sérios danos num raio de centenas de quilômetros. E foi exatamente isso que aconteceu: na tarde de ontem, a Polícia Civil e o Corpo de bombeiros da cidade de São Paulo receberam ligações na tarde de ontem de pessoas que sentiram tremores, possivelmente, reflexos ndo terremoto.

(Sacada de hotel cai em cima de carro, no Chile. Foto tirada desse link)

A pouquíssimo tempo atrás, no dia 12 de janeiro, era o Haiti quem sofria com um abalo de 7 graus de magnitude, o suficiente para provocar graves danos em zonas mais vastas. O epicentro do terremoto foi a 15 quilômetros da capital Porto Príncipe. Segundo o geólogo britânico Roger Musson, o país está localizado em uma falha geológica que vem acumulando energia a mais de 250 anos.

No Haiti, o número de mortos ultrapassou os 200 mil, sem contar os milhões de feridos e desabrigados. Cidades como Gressier e Carrefour tiveram uma destruição de 40 a 50%. Leogane, com cerca de 134 mil habitantes, foi a mais afetada: 90% da cidade foi destruída. No Chile, mesmo com um terremoto mil vezes mais forte, o número de mortos até agora ultrapassa os 300 e, em uma análise negativa, vai chegar no máximo a mil pessoas.

(Militares atendem feridos. Desde 2004, o Brasil assumiu o cargo de coordenador da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. Algumas dezenas de brasilieros, muitos que serviam na missão, também morreram durante o terremoto. Foto tirada desse link)

Por quê? A chave da resposta está na união entre conhecimento, dinheiro e infraestrutura. Pensem bem: se um desses três itens forem tirados da lista, não há qum passe imune a um abalo sísmico dessa magnitude. Se o país tiver conhecimento e dinheiro, mas ainda não tiver uma boa infraestrutura para suportar terremotos, nada feito. Se ele tiver dinheiro e capacidade de construir uma boa infraestrutura, mas não tiver conhecimento sobre as falhas geológicas e possíveis terremotos que o país pode sofrer, ele não vai gastar dinheiro para fabricar prédios seguros. Por fim, se ele tiver conhecimento e disponibilidade para realizar obras que melhorem a infraestrutura de suas cidades, mas não tiver dinheiro... bem, vocês sabem o que acontece.

Tanto o Haiti quanto o Chile são países que estão situados em áreas de instabilidade. E ambos sabem disso. A principal diferença entre eles começa na palavra dinheiro. O Chile é o emergente da América do Sul. Rico, o país possui regras rígidas para a construção civil. As construções são feitas com estruturas de aço capazes de conter parte do impacto e apresentam locais para as pessoas se refugiarem. O máximo que se vê nas fotos e vídeos registrados país a fora são prédios danificados e estradas esburacadas.

No Haiti, a destruição é total. Por ser a nação mais pobre das Américas, as prioridades do país são bem diferentes. A fome, a educação e a saúde são problemas diários e, para um país pobre, é mais urgente cuidar disso do que da construção de prédios com estruturas estáveis.

(Uma cidade destruída. Habitantes que ficaram desabrigados andam a procura de ajuda e de um lugar para ficar. Foto tirada desse link)

Outro agravante para a disparidade com que os tremores destruíram esses dois países foi a distância do epicentro do terremoto às cidades populosos. No Chile, o epicentro aconteceu a perto de Maule e de Bio Bio, cidades pouco populosas. O terremoro se alastrou por cerca de mil quilômetros ao longo do Chile e, mesmo causando estragos em cidades como Santiago, a 300 quilômetros do epicentro, a força dos tremores já estava menor ao chegar lá. No Haiti, por sua vez, o epicentro estava a 15 quilômetros da capital, uma região super populosa que sofre da ocupação desordenada no seu território.

E o turismo, como fica?

O Haiti não era um país muito procurado por turistas. Em uma nada rápida pesquisa pelo google, achei pouquíssimas coisas sobre turismo no país. O Chile, por sua vez, é uma país que atrai cada vez mais pessoas. Com a Cordilheira dos Andes como plano de fundo, a capital Santiago é uma das cidades mais modernas da América do Sul e oferece uma infinidade de pontos turísticos para quem quer passear. Outros destinos chilenos também são amplamente procurados e visitados, como o deserto do Atacama, as estações de esqui e as belezas naturais (e gélidas) da Patagônia.

Com o terremoto, os turistas ficam apreensivos. Na manhã do dia 27 dezenas de turistas já procuraram suas embaixadas para deixar o país. Como os abalos danificaram alguns aeroportos, a entrada e saída do país esá prejudicada e deve continuar por algum tempo, até que reformas sejam feitas. Há grandes crateras em importantes estradas do país e algumas construções também foram danificadas.

Por agora, o movimentos turístico no país deve diminuir. Se as reformas começarem rápido, em poucos meses o Chile já estará como antes. Inclusive, economistas afirmam que há uma grande possibilidade de o peso chileno sofrer uma queda, já que as atividades econômicas estarão com sua produção debilitada. Em um futuro não muito distante, o Chile voltará a ser amplamente visitado e, quem sabe, com um custo menor.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Para ler e viajar

Há quem diga que só existem dois tipos de viajante: aqueles que lêem um livro para rodar o mundo e aqueles que rodam o mundo para escrever um livro depois. De toda forma, praticamente todos eles têm um bom exemplar na mala ou na mochila.

(O livro Medo e Delírio em Las Vegas foi adaptado para o cinema. O ator Johnny Depp ficou com o papel principal - e idêntico ao Hunter Thompson. Foto tirada desse link)
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Em abril de 2009 o jornal inglês Telegraph elegeu os 20 melhores livros de viagem de todos os tempos. A lista foi feita para celebrar o Dia Mundial do Livro, celebrado em 23 de abril.

Apesar de a lista não estabelecer uma relação de melhor ou pior, o primeiro título é On the road (tradução: Pé na estrada), do escritor estadunidense Jack Kerouac, um dos maiores marcos da geração beat. O livro conta a história de dois amigos que atravessam a América pela rota 66 anos depois da Segunda Guerra Mundial. O encanto do livro é a sensação de liberdade que ele deixa. Foi com essa mesma sensação que milhares de jovens partiram em aventuras similares em todo o mundo.

Outro título de destaque é Fear and Loathing in Las Vegas (tradução: Medo e Delírio em Las Vegas), do jornalista estadunidense Hunter Thompson. A narrativa do livro é feita em jornalismo gonzo, gênero aonde o repórter abandona qualquer pretensão de objetividade e se mistura a ação. Em Medo e Delírio, Thompson conta como caiu no mundo das drogas dia e noite numa cidade desconhecida. O número de alucinógenos usados pelo autor foi tão alto que nem sequer sabemos o que podemos considerar real ou ficcional dentro da narrativa.

A lista também conta com outros títulos de peso. Um deles é a obra The Great Railway Bazaar, de Paul Theroux. Feitos para amantes de viagens de trem, o autor descreve suas aventuras pelos trilhos da Europa, da Ásia e do Oriente Médio. Outro é o The Road to Oxiana, de Robert Byron. Considerada por muitos o primeiro exemplar de narrativa de viagens modernas, a obra traz os caminhos percorridos pelo autor através do Oriente Médio.

A lista completa com o resumo das obras você encontra no site do Telegraph.

*Essa matéria saiu pela primeira vez no site FUNtástico, nesse link.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Carnaval atribulado

Um caos. Essa palavra resume a cidade de Diamantina no feriado do Carnaval: um verdadeiro caos. E não é um caos organizado, como naquelas cidades que ficam cheias por algum motivo qualquer, mas você ainda consegue um canto tranquilo pra sentar ou um espaço pra dar uma respirada. É um caos de pessoas, de música, de lixo no chão. Inclusive, pensei que a frase "para andar 50 metros na multidão as pessoas demoram 30 mintuos" que coloquei no post passado fosse exagero. Mas não: esse é o tempo médio que se leva mesmo.

A primeira razão para Diamantina virar um caos é o número de pessoas que vai para lá. A cidade, que tem cerca de 44 mil habitantes, recebe o triplo da sua população durante o feriado. Um dos resultados disso é a falta de água, que acomete grande parte das casas próximas ao centro. Perto do carnaval moradores da cidade já começam a fazer estoque de água, enchendo galões e baldes.

Outro problema é o cheiro de xixi. Como os banheiros públicos, ou "pipimódromos", são poucos e com grandes filas, as pessoas acabam se aliviando pelos becos da cidade. Nem a tática da polícia de bater e multar em quem fizesse xixi na rua funcionou. Um taxista nos disse que da quarta-feira de cinzas em diante a cidade é lavada diariamente e, mesmo assim, o cheiro dura por mais ou menos 15 dias. A quantidade de lixo nas ruas também é aterrorizante e as equipes de limpeza trabalhavam sem parar. Fiquei imaginando como ficaríamos se chovesse. Como todas as bocas de lobo estariam entupidas, a cidade se transformaria em uma corredeira só.

Enfim, a bagunça é tanta que nos últimos dias escutei um comentário engraçado: "A parte histórica de Diamantina nem é tão grande ne?" Heim? Como não? Diamantina é uma cidade histórica bastante grande em comparação com Tiradentes, Mariana e outras. Mas depois eu percebi que o comentário fazia sentido porque é praticamente impossível reparar na cidade, olhar pra cima, ver suas construções. A própria cidade vira outra, sem aquele charme de cidade histórica e vira uma micareta a céu aberto.

(Foliões desfilam na praça central. Juscelino Kubitscheck resolveu dar o ar da graça. Foto tirada desse link)

A compensação

E a parte boa, onde fica? Do jeito que escrevi lá em cima parece que tudo é ruim ne... Nada disso. Se tudo fosse tão ruim assim o carnaval de Diamantina não seria um dos mais famosos de Minas. Pra quem quer festa literalmente 24 horas é o lugar perfeito. Qualquer hora que você sair na rua vai ver gente pulando, dançando e bebendo. Como minha casa ficou bem longe da muvuca eu tinha que andar muito pra chegar no centro e a cada esquina tinha um som ligado com gente na rua ou uma casa oferecendo festa.

Alguns estabelecimentos que não fazem parte da programação oficial já viraram tradição. Um deles é o Bar do Titi. A festa lá começa de manhã e vai até o final da tarde. O local fica tão entupido que cheguei a ver pessoas daçando nos telhados das casas.

Dentro da programação oficial, há música em vários pontos da cidade. Perto da rodoviária um palco foi montado para a apresentação de grupos de pagode e de dança que ensinavam coreografias de axé. No largo Dom João, a festa era mais familiar, com blocos de rua tradicionais, marchinhas de carnaval e muito samba. Na rua da Quitanda, na frente do bar A Baiúca, grupos de samba tradicional e de raiz começavam a tocar às 15h. A partir das 20h, DJs animavam o local com samba rock e outras misturas.

Outros pontos da cidade também se prepararam para receber os turistas oferecendo de tudo, inclusive MPB. Mas o ponto alto do carnaval era mesmo na Praça do Mercado Velho, aonde as bandas Bat-Caverna (com direito a Batman atravessando a praça de tirolesa) e Bartucada animavam o batalhão de pessoas. Começavam às 20h e só paravam às 7h da manhã.

(Show da banda de percurssão Bartucada. Axé, samba e sertanejo em ritmo acelerado tomavam conta da noite. Foto tirada desse link)

Paquera, álcool e axé

Não foi só a festa que deixou a cidade animada. Me diverto muito com alguns foliões fantasiados de Amy Winehouse, Freddy Mercury Prateado, lutadores romanos e mais centenas de pessoas só de sunga ou fralda. Em questão de drogas, o carnaval de Diamantina 2010 foi o ano do loló. Vi muitos vendendo e usando a mistura. Também fiquei impressionada com a quantidade de álcool ingerida. Só na minha casa (com 35 pessoas) foi mais de 20 garrafas de vodka, fora rum, tequila, cerveja, catuaba... Apesar de pessoas bêbadas e incovenientes serem chatas, conheci algumas que estavam pra lá de Bagdá e só me fizeram rir.

Outra parte divertida também foram as cantadas ridículas que escutei. Algumas tão ridículas que chegavam a ser engraçadas. Para se ter uma ideia:

- Oi, meu nome é Arlindo. Mas quando te vi perdi o Ar.
- Se você fosse um peido eu não te soltava nunca.
- Você já fez aula de canto? Então vamo ali no canto pra eu te dar um aula.
- Seu short é espacial? Porque você é de outro mundo.

Fiquei até pensando com quantas meninas essa tática não funcionou... Mas em questão de paquera, é melhor ficar esperto. As típicas e eternamente repetidas recomendações dos pais são válidas: não aceite bebida de ninguém, não se deixe levar para a casa de qualquer um, use camisinha. E faça um bom alongamento antes de sair de casa para se esquivar dos marmanjos que tentam agarrar a força. No mais, a curtição é garantida!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ó abre alas que eu quero passar!

Se tem uma cidade em Minas que o Carnaval não dá o menor ibope essa cidade é, pasmem, a capital: Belo Horizonte. Quem fica aqui no feriado pode se dar ao luxo de atravessar a rua sem olhar para os lados, não enfrentar filas para ir aos cinemas, pegar um bom lugar no bar que passa o jogo de domingo. Isso tudo porque a cidade esvazia!

Brincadeiras a parte, no Carnaval, BH fica um paradeiro só. E isso já é praticamente oficial, já que as comemorações da data acontecem uma semana antes. A tradicional Banda Mole - bloco no qual os homens saem vestidos de mulher - por exemplo, aconteceu no sábado passada. Outras festividades de bairro também tiveram seu espaço na semana passada.
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(Deusas do carnaval belorizontino. Foto tirada desse link)

A verdade é que já na sexta-feira as estradas enchem. São motos, carros e ônibus partindo para mil e uma cidades fora e dentro de Minas. Esse ano, escolhi a cidade de Diamantina. Alguns, depois de ler isso, perguntariam: "porque, meu Deus?". Vou explicar. Já passei Carnaval em mil lugares diferentes, mas nunca em uma legítima micareta. Se isso é bom ou se é ruim, só vou descobrir lá. Mas decidi descobrir pelo menos. Afinal, estou nova e ainda gosto de uma muvuca. Estou indo para lá antes que eu fique velha e com preguiça de ir pra esses lugares. Se gostar, inclusive, ainda terei vários anos pra voltar.

O que sei do Carnaval de Diamantina é que a cidade fica completamente entupida. Tão entupida que para andar 50 metros no meio da multidão as pessoas demoram 30 minutos. Também é comum faltar água nas casas mais centrais. O cheiro de xixi, pelo menos, é um problema do passado. Há alguns anos a polícia decidiu ser mais enfática: quem é pego tentando se aliviar pelas ruas da cidade ao invés de usar o banheiro público leva porrada.

(É pra essa zona aí que eu vou. Será que se eu tivesse no meio dessa multidão você me encontrava? Foto tirada desse link)
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Quanto a hospedagem, o mais comum é alugar casas ou quartos. Muitos moradores de Diamantina viajam nessa época exatamente para ganhar um dinheirinho extra. Quando não viajam, é costume alugar um ou mais cômodos para os turistas. A lógica, como rege o sistema capitalista, é a da oferta e procura: quanto mais cedo você procurar, mais oferta, mais barato. Quanto mais tarde, mais difícil encontrar e mais caro. Algumas fecham pacotes por verdadeiras pechinchas, cerca de 200 reais casa, almoço, transporte e limpeza. Eu, que fechei bem no início de janeiro, estou gastando 400 reais para isso tudo.
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Na mala, roupa de calor para manhã e frio para a noite, pois Diamantina é montanhosa e não escapa do vento frio nem no verão. Tênis e chinelo, roupa de cama, miojo e band aid. Acho que com isso dá pra sobreviver! Volto na quarta. Até sexta-feira no máximo conto as novidades.
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Bom carnaval para todos!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Escapando da capital no fim de semana

Sabe aquele dia que você acordou com vontade de sair pra viajar, mas já é domingo, amanhã você trabalha e o dinheiro ta curto? Não tem problema: algum município perto do seu deve ter alguma coisa bacana para mostrar. Em Belo Horizonte há muitos. Um deles é Betim, que guarda o Vale Verde - Alambique e Parque Ecológico.

(A fazenda Vale Verde é cheia não só de áreas verdes, mas também de áreas azuis como essa, que fica perto do restaurante. Há também fontes, riachos e uma pequena lagoa, aonde as pessoas passam por cima quando fazem tirolesa)
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O local tem uma área de 30 hectares, ou seja, 30 mil metros quadrados. O contato com a natureza é constante, não só com as plantas mas também com os animais. Há répteis, mamíferos, anfíbios, mas o parque parece ser apaixonado por suas mais de 1300 aves exóticas, todas brasileiras. Há tudo para elas se desenvolverem bem por lá, começando da maternidade Vale Verde que cuida do nascimento de periquitos a avestruz até o momento em que eles podem se alimentar sozinhos. O local é aberto ao público durante todo o horário de funcionamento do parque.

Também há um criatório com a intenção de reprodução das aves. Foi um dos primeiros criatórios em Minas reconhecidos pelo Ibama. Perto do restaurante é possível ver uma porção de aves exóticas que podem, inclusive, ser compradas com a autorização do órgão.

A segunda atração de Vale Verde além do Parque Ecológico é, como está no nome, sua cachaça, eleita pela revista Playboy como a melhor do Brasil. É possível dar uma voltinha pelo alambique, ver onde ela é produzida e armazenada. Mas se isso não foi o suficiente - claro que não é - perto do restaurante há uma pequena banca oferecendo aos visitantes doses gratuitas da bebida. Perto do alambique há o Museu da Cachaça, que conta a história da bebida e sua evolução. Há um exposição com mais de 2 mil garrafas diferentes.
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(Na primeira abaixo, o antigo alambique da fazenda Vale Verde. A direita, os tonéis de madeira com a cachaça fabricada)

O parque também oferece opções de lazer. Todas são pagas a parte, com exceção do playground e do Bosque do Mestre (uma espécie de parquinho com personagens místicos). Com preços um pouco salgados, você pode ir no Pesque-Pague, passear de cavalo, passear de pedalinho, conhecer o parque em cima de uma charrete ou fazer tirolesa. Essa foi a minha escolha. Não lembro quanto paguei, lembro que foi adequado ao que estava pagando: nem excelente, nem ruim. A corda não passa por cima de árvores, não é exageradamente alta, não demora muito tempo. Mas tirolesa é tirolesa. E eu acho bom sempre.
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O preço? 15 reais para adultos aos sábados, domingos e feriados e 10 reais de segunda a sexta-feira. Nos dois casos, crianças pagam meia. Achou caro? Então não se preocupe e nem gaste dinheiro com mais nada. Se quer saber, o bom mesmo é ficar por lá a toa. Se me lembro bem, essa é uma dica para um passeio de um dia, e fazer tudo que o parque oferece em um único dia vai estrangular seu tempo. Visite as aves, o museu, o alambique, prove uma cachaça e sente em um banquinho tranquilo.

(Perto do restaurante, um monte de gaiolas com pássaros de todos os tipos)

Descobri minha diversão quando fui pra lá: as aves que ficavam na galeria do restaurante. Primeiro, descobri um tucano que seguia meus movimentos. Era muito engraçado, porque eu andava de um lado pro outro e ele acompanhava, aos pulos. Depois, fui mexer com um papagaio e ele assoviou logo depois que eu falei. Tentei de novo e ele assoviou de novo. E não parou enquanto eu não parei. Seria uma estratégia de marketing para serem comprados? Um dia ela vai funcionar.
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(Foto do papagaio que assoviava depois de mim. As pessoas em volta paravam para olhar - e rir junto)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Para começar bem o dia, aquele café da manhã

Sou uma apaixonada por cafés da manhã. Quando estou viajando e fico em um hotel com café incluído ela se torna a refeição mais esperada do meu dia. E mais pesada também. Como até me empanturrar: frutas, pães, bolos, biscoitos, sucos, leite e por aí vai. O ruim é ter que esperar a próxima viagem para me encher com os quitutes.

(Hum... se eu pudesse, e tivesse tempo, arrumava uma dessa pra mim todos os dias. Foto tirada desse link)

Mas há algum tempo li uma matéria sobre "onde tomar café da manhã em São Paulo" e pensei: hei, eu não preciso esperar uma viagem, posso fazer isso na minha própria cidade. Assim, saí a procura de um lugar. O primeiro critério para começar minha pesquisa foi achar um local que servisse café da manhã a la hotel, com fartura e, de preferência, self-service. Com esse critério encontrei também um boa forma de eliminação.

Em Belo Horizonte existem centenas (senão milhares) de padarias, lanchonetes e restaurantes, mas nem todos servem café da manhã dessa forma. Isso porque no Brasil o costume é tomar a primeira refeição do dia em casa. As pessoas até podem ir a algum estabelecimento buscar comida, normalmente um pão quentinho, mas não se sentam nem comem lá. Às vezes, quem sai com pressa de casa acaba passando em uma padaria, pede um pão de queijo e um suco, se senta no banquinho e come por lá mesmo. Mas café da manhã com fruta, pão, bolo... isso se faz em casa.

(A maior parte das padarias são como essa: as pessoas chegam, pedem o que querem, pagam e vão embora. Foto tirada desse link)

Outra justificativa para poucas padarias investirem em cafés da manhã especializados é o fato de ser caro. Colocar na mesa pães variados, manteiga, geléias, frutas picadas, bolo com cobertura, leite e café, arrumar as mesas, sujar louça, isso tudo é trabalho e é comida que, se não consumida, vai direto para o lixo. E se é caro para o estabelecimento, é caro pro cliente. Saber do preço de se tomar café fora de casa me indicou o segundo critério, que era procurar locais em áreas mais nobres da cidade.

Assim, decidi usar a revista Veja Comer e Beber em Belo Horizonte para me ajudar a fazer uma lista com os lugares que servem café da manhã na cidade. A lista ficou mais ou menos extensa e a ideia era encontrar o equilíbrio: nem a mais cara com mais coisas, nem a mais barata com menos variedade, mas achar o melhor custo benefício.

Nessa brincadeira acabei optando pelo supermercado Super Nosso Gourmet. Entre as 12 unidades da rede, 5 delas têm restaurante e servem café da manhã. Resolvi ir na unidade do Xuá, recém inaugurada. O local era bem arrumado e com uma vista muito bonita da parte sul da cidade. A mesa era um tanto quanto modesta, mas tinha muuuito mais do que eu conseguia comer. Comi frutas com iogurte, pão de queijo com queijo minas, biscoitos, pedaços de bolo com creme de avelã e chocolate, leite com achocolatado. Estava tudo uma delícia.

Tenho, porém, uma observação e uma reclamação. A observação é que havia poucas opções salgadas. Tirando o pão francês e o pão de queijo, o resto eram bolos e mais uma série de quitutes feitos com açucar. A reclamação vem do atendimento. Um dia antes liguei para o local e me disseram que o café da manhã era 11,90 por pessoa em qualquer unidade. Quando fui pagar, porém, o preço "se tornou" 14,90.

(Pães e mais pães. Com essa onda de comida saudável que vem ganhando força a cada dia, as lojas estçao investindo em produtos sem nenhum tipo de conservante, como a Casa Bonomi e o Graciliano. Foto tirada desse link)

Não fiz uma peregrinação pelos estabelecimentos que servem café da manhã na capital mineira. Mas descobri que há uma série de locais que oferecem esse serviço. Um deles é a Casa Bonomi (Cláudio Manoel, 460, Funcionários). Fundado há 12 anos por Paula Bonomi, o local mudou a forma de entender as padarias na cidade. Até então, elas eram locaia aonde as pessoas iam comprar pão e algumas outras coisas para a casa, como manteiga, suco, papel higiênico e fósforo. Ela então resolveu criar uma padaria que oferecesse diversos tipos de pães e outros quitutes e oferecesse um local para o cliente se sentar e comer. Hoje, são 80 tipos de baguetes, sem contar os folhados, croissants, brioches e massas recheadas. O serviço é a la carte e tudo que está no cardápio pode ser pedido a qualquer hora do dia. O que mais sai pela manhã é a cesta de pães acompanhada com manteiga, geléia e outros tipos de recheio por 12 reais. As sobremesas também saem por, no mínimo, 12 reais.

Outra opção (também para os endinheirados) é o Graciliano (R. Marília de Dirceu, 40, Lourdes). Criada há 7 anos para servir lanches, o local já oferece café, almoço, chá da tarde e jantar. A padaria traz pães pouco convencionais e sobremesas finas. De segunda a sexta, o café custa 15,90 por pessoa. Aos sábados o preço cai para 14,90 e é servido na mesa. Aos domingos o preço permanece mas o cliente podem se servir no buffet. No Status Café e Cultura (R. Pernambuco, 1150, Funcionários) o café da manhã só é servido aos domingos e embalado ao som de jazz. A mesa é farta e o preço para participar do banquete é 17 reais para adultos e 10 para crianças.

Dois estabelecimentos brigam pela posição de café da manhã mais caro da cidade e empatam. São eles o Pão e Companhia (R. Francisco Deslandes, 817, Anchieta) e o Strudel Haus (Av. Afonso Pena, 3900, Mangabeiras). O primeiro é também o mais antigo: foi inaugurado há 27 anos e hoje têm mais de 20 lojas pelo Brasil. O café da manhã é tradição na casa assim como seu pão de queijo que, com generosas quantidades de queijo canastra, é um dos itens mais pedidos pelos clientes. O segundo é uma casa de especializada em receitas alemãs, principalmente sobremesas. O destaque vai para o apfelstrudel, uma torta de maça alemã. O preço de ambos: 26,90 o quilo.

(Apfelstrudel de maça. Já provou um desses? Se não, passou da hora. É uma delícia. Foto tirada desse link)

Há opções mais em conta, mas que também não saem da faixa de preço entre 10 e 15 reais. Uma delas é o Santíssimo Pão (R. Benvinda de Carvalho, 148, Santo Antônio) que oferece o serviço somente nos fins de semana. A mesa é composta por mais de 30 itens entre folheados, pães e bolos, ao custo de 12,90 o adulto e 6,90 a criança. A Trigopane (Av. Mário Werneck, 1352, Buritis) também não fica atrás. Apesar de um pouco mais cara, já que o café sai por 14,20 por pessoa, sendo que crianças pagam metade, o estabelecimento está sempre atrás das tendências, seja em novelas, em feiras internacionais ou através de pesquisas de mercado. Foi assim que eles resolveram desenvolver suas linhas light e diet.

Para quem quer ver ainda mais opções é só entrar no site da Veja, comparar e escolher. Bon apetit!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Slow Travel - Viajando sem pressa

Todo mundo espera o final de ano pra sair de férias. O problema é que nem sempre o tempo é suficiente para ir a todos os lugares que a gente quer, ou ver todas as atrações que a gente programou. Assim, como escravos do tempo (e do dinheiro), pulamos igual macacos de ponto turístico em ponto turístico.

Se identificou? Experimente então, pelo menos uma vez, viajar beeeeem devagar. O Slow Travel (algo como viagem lenta) surgiu nos anos 1980, no ramo da gastronomia, para ir contra a cultura do fast-food. O movimento começou na Itália e tinha como preceitos comer lentamente para apreciar mais e melhor o alimento. A ideia se estendeu e, hoje, abrange uma série de coisas, inclusive o turismo.

(Pôr do Sol no Rio São Francisco. Pressa pra quê?)

Os viajantes slow afirmam que, dessa forma, conseguem entender melhor o local que estão visitando ao invés de ficar uma noite em cada lugar e prometer para si mesmo voltar "com mais calma". Experimente: ao invés de consumir seus dias visitando cartões-postais que nem sempre gostaria de ver, passeie pelo bairro. Talvez, entre uma caminhada e outra, você encontre uma portinha escondida em algum bairro próximo que serve um peixe grelhado maravilhoso e muito mais em conta do que os restaurantes que aparecem no guia. É esse tipo de coisa que se pode encontrar quando você decide se deixar surpreender.

Claro que existe viagem de descanso e viagem de passeio. A de descanso é pra ficar a toa, e alguns ficam tão a toa que até se arrependem depois. A viagem de passeio tem uma programação extensa e, às vezes, sem nenhuma profundidade. Se no equilíbrio está a coisa certa, siga algumas dicas para viajar slow:
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1ª: Use transporte público. Além de ser mais barato, os ônibus e metros fazem as rotas que os cidadãos comuns fazem para ir ao trabalho, visitar um parente etc. Usando transporte público você possivelmente vai passar por bairros que não visitaria se estivesse de carro e ainda vai conseguir sentir o clima da cidade, pescar algumas conversas pelos corredores e entender a rotina de alguém que mora ali.

2ª: Acorde e durma quando der vontade. Você está de férias, não é mesmo? E férias foram feitas para relaxar. Acredite: você não vai deixar de fazer nada porque acordou às 10h00. E também não vai perder o dia só porque foi dormir às 3h00. As pessoas chegam a acordar em horários que não acordariam nem se estivessem a toa em casa só para chegar mais cedo na praia. Não obrigue seu corpo a fazer nada que ele não queira.

3ª: Tire um dia para passear aleatoriamente. Esqueça os pontos turísticos e os horários que os museus fecham. Não perca seu tempo em filas gigantescas. Passe um dia passeando aí. Pode ser um bairro que você gostou e quer voltar, algum cantinho que você quer explorar melhor. Se der, sente em um bar e puxe papo com alguém. Peça dicas ou fique por lá bebericando. Siga sua intuição e esteja aberto às surpresas.
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O turista profissional, Ricardo Freire, é um entusiasta dessa "modalidade". Nesse e nesse link você vai encontrar dois textos aonde ele apresenta 10 motivos para viajar slow. Você vai se convencer em menos de 10 minutos.